PEDRO MALASARTE – pseud...
Pseudônimo famoso, talento de humorista, desconhecemos que pessoa ocultava sob ele. Manteve, por muito tempo, na Gazeta de Notícias, uma coluna em versos, muito conhecida em sua época, sob o título de Fanfreluches. Nela, como indica o próprio nome, ele comentava as pequenas coisas do dia-a-dia.
Que era popular, confirma-o a maneira pela qual Elói Pontes, em
A vida exuberante de Olavo Bilac (v. q, p. 173), refere sua participação numa polêmica entre Pardal Malle e Luis Murat, Ondas, deste último. Eloi Pontes diz, simplesmente, como se fora autor muito conhecido, que “Pedro Malasarate, na Fanfreluches, comenta (...)” e expõe o comentário em toda a sua extensão. Pela curiosidade que representam os versos citados por Eloi Pontes, e para que se possa recuperar, hoje, um pouco do clima dessa coluna, citamos o texto na íntegra, tal como vem na biografia de Bilac. Para bom entendimento dos versos, é preciso que se diga que Pardal Mallet, ao critica o livro de Luis Murat, decretara a morte da poesia. Eis a intervenção de Pedro Malasarte na polêmica:
À poesia, olá, olé!
Declarou ódio infernal
Pardal
Mallet...
Quem primeiro, olé, olá
Levou tunda foi o infeliz
Luís
Murat
Pobre musa, olá! Olé!
Vai fazer-te muito mal
Pardal
Mallet
Nessa luta, olé! Olá!
Vamos fazer o que nos diz
Luís
Murat...
Qual dos dois olá! Olé!
Qual dos dois triunfará?
Murat?
Mallet?
Tancredo de Barros Paiva, em Achegas a um dicionário de pseudônimos, registra um “Malasarte”, pseudônimo de Fábio do Nascimento, colaborador do Jornal do Commercio, que não podemos saber se é mesmo Pedro Malasarte, colaborador da Gazeta de Notícias.
***
MAIO DE 1888: Poesia distribuídas ao povo, no Rio de Janeiro, em comemoração à Lei de 13 de maio de 1888 / Edição, apresentação e notas de José Américo Miranda: pesquisa realizada por Thais Velloso Cougo Pimentel, Regina Helena Alves da Silva, Luis D. H. Arnauto. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1999. 220 p. (Coleção Afrânio Peixoto, 45 )
Ex. bibl. Antonio Miranda
A seguir o poema sobre A Abolição da Escravatura:
FANFRELUCHES
*
Foi como o fúlgido raio
De luz, auréola de glória,
A brilhar na pátria história,
O dia TREZE DE MAIO!
Louco, em delírio, fremente,
O povo seguia ovante,
Aclamando triunfante
A nossa excelsa Regente.
Ao vê-lo assim parecia
Nesse instante extraordinário,
Que n´alma tinha um sacrário
A transbordar de alegria.
Nunca mais do pensamento
Apaguei a lembrança
Da grandeza, da pujança
De tão heroico momento.
Mas em meio à tempestade
Da imensa ovação ruidosa,
Uma cena vi piedosa,
De augusta simplicidade:
Velho e trôpego africano,
Ajoelhado, o chão beijava,
E a rir, a rir, demonstrava
Infinito prazer insano;
Nos olhos lágrimas tinha,
E em voz trêmula dizia,
Naquela santa alegria:
— Deus bençoe nossa rainha!
PEDRO MALASARTE
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Página publicada em fevereiro de 2021
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